Juraci Guimarães Júnior fala sobre ação para anular lei (Foto: Paulo Soares/O Estado) |
O procurador da República no Maranhão, Juraci Guimarães Júnior, falou ao G1 sobre a ação para anular uma lei municipal aprovada em São Vicente Ferrer, MA. Matéria exibida no Jornal Nacional do último sábado (23) mostrou que a Câmara de Vereadores local autorizou uma lei que proíbe a fiscalização de motociclistas na cidade e, ainda, permite que os condutores transitem sem habilitação. (Veja no vídeo abaixo)
Juraci Júnior interpreta que a lei deveria ser nula, já que conflita
com o Código de Trânsito Brasileiro. No entanto, como foi aprovada,
somente os meios processuais podem anulá-la agora. "É necessária uma
ação específica, que foi encaminhada à Procuradoria Geral da República
(PGR) e vai ser enviada para avaliação do Supremo Tribunal Federal
(STF). É uma lei que só o STF pode afastar. Estamos alegando a
inconstitucionalidade, já que o caso trata de preceitos fundamentais
como a proteção à vida, à integridade física da população, na contramão
da proteção à saúde", declarou.
A lei, segundo o procurador, usurpa a competência do Congresso
Nacional. "Proibir blitzen, andar de moto sem habilitação, são
autorizações que vão além da competência da câmara, que só pode agir em
questões de trânsito como sentidos, vias, e não sobre uma lei nacional
que trabalha com o Código de Trânsito Brasileiro", explicou.
O procurador disse ainda esperar que, com a repercussão negativa, a
própria Câmara de Vereadores reverta a decisão e revogue a lei. "Foi uma
surpresa quando o Ministério Público do estado nos informou. Sabemos a
realidade dos municípios do interior, que é comum que as pessoas andem
sem capacete e sem habilitação, é uma realidade. Mas é inaceitável que a
própria câmara municipal incentive essa conduta, incentive a
banalização da vida", disse.
Ele lembrou ainda que é a falta de rigor em fiscalizações que torna
possível incidentes como o ocorrido na boate em Santa Maria, RS, onde
mais de 200 jovens morreram após incêndio. "É uma exigência da sociedade
brasileira, que clama por mais rigor nas fiscalizações. Uma forma de
garantir a proteção à vida, à integridade das pessoas, e a lei vai na
contramão disso", completou.
Entenda
Em 2011, ao tomar ciência da falta de fiscalização na cidade, o
promotor de Justiça Tharles Alves realizou uma audiência pública para
discutir com o Departamento de Trânsito do Maranhão (Detran-MA), com os órgãos locais de fiscalização e com a sociedade, soluções para o trânsito caótico na cidade.
Vendo a movimentação da promotoria, que pretendia tornar mais rigorosa a
fiscalização no trânsito, os vereadores então propuseram o projeto de
lei nº 008/2011, apresentado pelo vereador José Carlos Pinheiro Alves. A
proposta foi aprovada em agosto de 2011 pela câmara municipal e a lei,
sancionada pela prefeitura municipal. Fonte: G1
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